PROGRAMAÇÃO: Liga Juvenil Anti-Sexo II

Aí vai o cartaz com a programação dos 3 dias da segunda edição do evento Liga Juvenil Anti-Sexo. E também a programação mais detalhada.

Importante lembrar que algumas oficinas precisão de inscrição e outra é preciso levar material!

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VOCÊ TEM QUE DEISTIR

apresenta:

LIGA JUVENIL ANTISEXO 2

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.DIA 19/11 R$00

OFICINA 19h

Absorventes Reutilizáveis Ecológicos: Recupere seu sangue!”*1

Aprenda a costurar seus próprios absorventes e participe de uma conversa sobre menstruação, saúde e autonomia.*2

por Ellen

PERFORMANCE a partir das 19h

“Minha Vagina não é um Troféu – Tête-à-Tête”

Questionamento da cultura falocêntrica num encontro performático cara-a-cara, em ambiente reservado e intimista. Uma pessoa por vez. (somente pessoas dotadas de vulva). por Diana Moraes

PROJEÇÃO DE VÍDEOS + BATE-PAPO 21h

Pós-Pornografia ou De como o ativismo se torna corpo sexuado, Ludismo Sexual e Ativisimo Vienense. Por Leonor Silverstri (Argentina)

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.DIA 20/11 . R$10.

ALMOÇO GRÁTIS de 13h ás 14h

PERFORMANCE a partir das 14h

“Minha Vagina não é um Troféu – Tête-à-Tête”

Questionamento da cultura falocêntrica num encontro performático cara-a-cara, em ambiente reservado e intimista. Uma pessoa por vez. (somente pessoas dotadas de vulva). Por Diana Moraes

SHOW 16H

DAYS OF SUNDAY

www.myspace.com/daysofsunday

PALESTRA 16:30h

Misoginia, Machismo e Gênero por Anna Paula Vencato

SHOW 18:30h

CANCIONEIRO GENÉRICO DO FIM DOS TEMPOS

Dispensa comentários… Por Você Tem Que Desistir

APRESENTAÇÃO TEATRAL + BATE-PAPO 19:30h

Lançamento do Zine:“Esse corpo é meu!”

Ser mulher é uma condição que não escolhemos, e nossa atitude a partir de agora deve ser colocada em direção oposta a que a nossa cultura quer. Reapropriar nossas vidas significa nos tornarmos indivíduos incontroláveis, capazes de tomar decisões que nos fazem realmente nos sentir plenas. Por Você Tem Que Desistir

SHOW 20:30h

LIFE LIFTERS

Cada acorde, cada estratégia inidentificável, cada amor desgovernado, cada pedal sem esperança, cada fagulha de ódio, cada gota de suor sem pudor, tende a nos levar para viver melhor cada segundo. Somos conscientemente desmedidos, inapropriados, indisciplinados e contraditórios pois desejamos o total de algo que não conseguimos mensurar. A vida é o processo e não o fim.

APRESENTAÇÃO AUDIO-VISUAL a partir de 20:30h

MM não é confeti

Meninas de intervenções multimídia como “Surveillance Wireless Vj’ing Perfomance”

(2003), “Truck Vj’ing. 45 anos do Manifesto situacionista”(2005) e Manifeste-se [todo mundo artista]” (2006). Escreveram o “Manifesto Panóptico”(2004), distribuido dentro e fora do pais (1500 exemplares).

OFICINA 21h

Ética do desejo libertário e das afetações livres Uma proposta anti-capitalista para o problema da monogamia, do amor romântico e das paixões tristes. Por Leonor Silvestri (Argentina)

SHOW 22h

THE MERSEY BEGGARS

www.myspace/themerseybeegars.com

PERFORMANCE 23h

Performance PornoLuddita Sexual Terrorista de Gênero

Experiência pornográfica, poética, visual, sonora, de comoção, o PornoTerrorismo se propõe como uma anti-arte, como arma de ação direta, como ritual mágico de encantamento, como exorcismo público, como uma máquina de guerra contra o aparato de captura da norma social hétero, como potência visual -contra/semiose- o PornoTerrorismo é um modo de, uma forma de construir um novo uso dos prazeres e reprogramar os nossos desejos. Por Leonor Sivestri (Argentina)

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DIA 21/11 R$10.

ALMOÇO GRÁTIS de 13h ás 14h

OFICINA 14h

Oficina de Saúde da Mulher *1

Bate-papo sobre o zine Este Corpo é Meu – sexualidade, alguns tópicos para conhecermos nosso corpo, receitas de plantas naturais, os malefícios dos absorventes industriais e métodos alternativos para evitá-los + demonstração (oficina)de auto exame vaginal.(somente para mulheres). Por Você Tem que Desistir

PALESTRA 15h

A expropriação do útero. Recuperando nossa vida: começando pelo coração feminino. “O controle da capacidade reprodutora da mulher implicou a desapropriação de seus desejos e a eliminação de sua libido para executar a fisiologia de seu corpo, escravizado e robotizado, segundo tem bem especificada a nova ordem patriarcal”. Por Ellen

BATE-PAPO 16:30h

(In)visibilidade bissexual – clichês, tabus e estigmas Um bate-papo sobre a composição da sexualidade, a padronização das condutas de gênero e o direcionamento do des Por Marcela Mattos e Kadu Abecassis

SHOW 18h

TUNA

www.myspace.com/tunapunkrock

PERFORMANCE 19h

“Minha Vagina não é um Troféu – Des_fetish_show” Show-relâmpago de destruição da vagina passiva. Por Diana Moraes

PROJEÇÃO a partir das 19:30h

Que pornografia é essa? Sexo é política! Por Foz

SHOW 19:30h

TEU PAI JÁ SABE? (Curitiba -PR)

www.myspace.com/teupaijasabe

OFICINA 20:30h

Postpornografia A industria Pornográfica – uma das de maior consumo massivo em escala planetária – possui um alto poder disciplinador e produtor de desejo. Sob um principio sexo-transcedental que poderia ser denominado “platonmismo espermático”, a ejaculação masculina – a propria morte – é a verdade suprema da representação do sexo pornográfico. Neste cenário, o próprio pornô dominante não é sobre a produção de prazer em si, mas sim sobre seu controle e programação através do circuito excitação-frustração. Nesta oficina vamos analisar tres conceitos: Pós Pornografia, Ludismo Sexual e Porno-Terrorismo, a partir de exemplos práticos para chegar a uma aproximação de como realizar intervençoes e performances ad hoc (do latim, “a este fim”). Por Leonor Silvestri (Argentina)

SHOW 22h

XAMORX (Rio Grande do Sul/SP)

www.myspace.com/xamorx

DIAS.19+20+21 R$15,00

*1 Incrições para as oficinas através do email:

contato@vocetemquedesistir.org

*2 Oficina de Absorventes: Levar tesoura, retalho, agulha e linha

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ESPAÇO IMPROPRIO

RUA DONA ANTONIA DE QUEIROZ, 40 – CONSOLAÇÃO

WWW.VOCETEMQUEDESISITIR.ORG

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Seminário sobre Ética e Direitos Animais

O Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI), da FFLCH/ USP promoverá, nos dias 4 e 5 de novembro, o IV Seminário sobre ética e direito animal “Até onde vai nosso antropocentrismo?”.

No dia 5, sexta-feira, um dos membros do coletivo Você Tem Que Desistir apresentará a fala Direitos animais contra a civilização – uma visão abolicionista do primitivismo e uma visão primitivista do abolicionismo.

A entrada é gratuita e haverá distribuição de certificados aos interessados.

Catarina D.

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LIGA JUVENIL ANTI-SEXO II

Convidamos a tod@s para a segunda edição do LIGA JUVENIL ANTI-SEXO em novembro. Agora serão 3 dias de evento com oficinas, debates, performances, vídeos e bandas no Espaço Impróprio.

A idéia é juntar coletivos e pessoas para debater quais as raízes do gênero, sexualidade, patriarcado e dominação, e também discutir quais medidas táticas podem ser utilizadas para desmantelar tudo isso ou festejar um feliz 1984! Queremos unir opiniões para poder conversar, debater e descobrir as raízes desses problemas e suas consequências.

Em breve mais informações sobre a programação.

Catarina D.



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SELVAGE – Lançamento no AABC em Sto. André.

Selvage no AABC

Debate a partir do zine Selvage – da anarquia à selvageria.
Com Catarina D. do coletivo Você Tem Que Desistir.

Domingo, 24/10, às 14h

Casa da Lagartixa Preta Malagueña Salerosa
Rua Alcides de Queirós, 161
Casa Branca Santo André SP
(na rua da Eletropaulo, próxima aos Bombeiros, Senai e Estação de trem Pref. Celso Daniel Sto. André)
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Mapa: http://maps.google.com.br/maps?f=d&source=s_d&saddr=Av.+Queir%C3%B3s+dos+Santos&daddr=R.+Alcides+de+Queir%C3%B3s,+161+-+Bairro+Casa+Branca,+Santo+Andr%C3%A9+-+SP,+09015-550&geocode=FWQLl_4dzh06_Q%3BFS32lv4dXCU6_SkR_iuqgELOlDHh4AhZLkOAOw&hl=pt-BR&mra=ls&dirflg=w&sll=-23.65563,-46.52328&sspn=0.014151,0.01929&ie=UTF8&z=17
.

Mais Informações: ativismoabc@riseup.net | www.ativismoabc.org www.fotolog.com/ativismoabc

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Lançamento do zine SELVAGE – da anarquia à selvageria

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Depois de tanto lutar contra o tempo, contra o português incorreto e a falta de dinheiro enfim anunciamos nossa primeira publicação: SELVAGE – da anarquia à selvageria e convidamos para o seu lançamento no dia 24 de setembro, às 20 horas no Espaço Impróprio. Este é a primeira de muitas publicações que teremos daqui para frente e inaugura nossa odisséia pelo mundo das palavras impressas.

Até agora muitas de nossas palavras já foram publicadas mas apenas em blogs e entrevistas com amig@s por aí afora, mas nada como ter algo para ser passado de mão em mão,  grifado ou rabiscado com uma dedicatória. Nada como a paixão que sentimos ao imprimir o texto que escrevemos com tanto carinho, juntar numa mesa amigos, cola, tesoura e todas as gravuras guardadas por meses ou anos à espera do momento certo de serem usadas. Ainda acreditamos nos zines, no boca-a-boca, nas banquinhas nos eventos, na fotocópia, na tesoura e até em alguns editores de imagem digital hehe.

E claro, gostaríamos de agradecer ao coletivo Gato Negro pelo apoio e, pricipalmente, ao nosso revisor oficial I. Horne que, com paciência e muita falta de anti-profissionalismo, tem contribuído para que nossas palavras escritas fiquem melhor apresentáveis e elegantes. Seu trabalho não só contribui para que o texto apresente um português correto, ele é como um co-autor que ajuda a organizar o que está bagunçado, amputar as redundâncias e dizer mais com menos.

Enfim, estão tod@s convidad@s para essa pequena celebração. Já temos mais algumas balas na agulha para esse fim de ano. Pelo menos mais um zine e uma tradução prestes a irem para o papel.  E em dezembro ou janeiro uma turnê de zines em pareceria com amig@s zineir@s do Rio de Janeiro.

Mais notícias em breve!

Catarina D.

Sobre o a publicação:

Selvage – da anarquia à selvageria é uma reunião de fragmentos selecionados dos escritos de Catarina Disangelista, fundadora e mentora intelectual do coletivo Você Tem Que Desistir. Representa o que um animal doméstico pôde apreender durante uma vida e vomitar em artigos não lineares, que dialogam e conflituam entre si. Neles são abordados temas como anarquismo (e sua forma livre de charlatanismos: a anarquia), civilização, divisão social do trabalho, domesticação, sustentabilidade, tecnologia, massificação, cultura, dentre outros. Algumas áreas também abordadas, ainda que tangencialmente, sinalizam a preocupação da autora com assuntos como feminismo e direitos animais. O que você tem em mãos é o primeiro volume de uma obra dividida em duas partes: uma dedicada à reflexão teórica sobre o que tem levado a autora e seu coletivo a desistirem de tudo o que tinham, para buscarem outras formas de vida e de ação; e a segunda parte, que será publicada em um outro volume, já está sendo escrita, emergindo das conclusões parciais a que estão chegando enquanto, esgotadas as vias da anarquia, experimentam a selvageria na tentativa de resolver seus conflitos como pessoas não-civilizadas.

LANÇAMENTO

DIA 24/setembro de 2010

Atividades:
-Apresentação do texto e comentários (por Paulo, O Execrador) rsrs
-Oficina Política/Debate Culinário: Vida Refinada (pela autora)
– Seleção de canções genéricas em mp3 (por I. Dolabella)

Rango Vegan!
Gente bonita
Clima de descontração

Entrada Franca!

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Esse mundo não pode durar muito


Esse mundo não pode durar muito.”
” – Nenhum pode.”

E é claro que não. A renovação é uma lei irrevogável da vida. De tempos em tempos nossas células se renovam e somos completamente reconstruídos. Assim também é com toda face da terra e toda a biosfera. Constante degeneração e recomposição. Toda matéria viva está para ser consumida e trazida de volta. E todo ser que nasce, cresce e se reproduz precisa estar completamente engajado em seu ambiente, do contrário, desaparecerá antes que seus descendentes possam povoar também sua terra.

Nenhum grupo ou espécie dura para sempre. Isso não é necessário, nem possível. Todavia, nenhuma espécie precisa ser extinta antes antes de não estar mais adaptada ao seu ambiente. Assim como um indivíduo não precisa morrer antes que seus órgãos deixem de realizar suas funções vitais. No entanto, sabemos que esses são eventos inevitáveis. Aliás, tragédias sempre vão acontecer. Jovens irão perder suas vidas, amantes irão partir seus corações, a lava dos vulcões escorrerá e engolirá toda a vida ao seu redor. Mas isso não importa. O que importa é que estamos aprisionados em mundo que fez de tragédias sua condição de existência. E esse mundo já durou mais do que poderia – e deveria – durar. Muitos foram os que o antecederam e todos que dependiam de tragédias para existir foram destruídos por elas e tragados pelo solo. Sobraram apenas as ruínas de suas pirâmides, templos e cidades.

Esse mundo está para acabar. Qualquer pessoa com mínima noção de biologia, geografia ou economia pode perceber isso. Não se pode destruir tudo o que é necessário para se manter e ao mesmo tempo crer que vamos durar para sempre. Mas é isso que nossa civilização faz. E se o fim está próximo, será que precisamos fazer com que ele aconteça da forma mais dolorosa possível? Podemos abrir mão da bagagem excessiva, mas escolhemos afundar abraçados a tudo o que aprendemos a nos apegar. Podemos olhar para além dos portões de nossa cultura para ver como a vida acontece lá fora, mas escolhemos padecer entre as muralhas achando que não existe outra forma de se viver. No final, olhar para fora será necessário quando nosso mundo adentrar numa cadeia de eventos que iniciarão os tempos do seu colapso. No lugar de sonhar com outro mundo possível, poderíamos ampliar o alcance de nossa visão para pensar num outro fim do mundo possível.

Nos atolamos cada vez mais em relações artificiais, num constante processo de domesticação do planeta e de nós mesmos. Tudo o que sabemos é trabalhar por dinheiro para trocá-lo por comida e o que mais precisamos. Quando enfim não houver mais energia para manter nossas tevês ligadas, nossas vias iluminadas ou trazer a comida plantada a milhares de quilômetros de nossas casas, sairemos às ruas, olharemos pela primeira vez nos olhos de nossos vizinhos para descobrir seus nomes e então seremos obrigados a nos virar juntos. Estaremos por nossa conta, pois até então só aprendemos a dialogar com nossos contra-cheques, cartões e com o caixa dos supermercados. Isso não é ser um ser vivo, mas um autômato. Se quisermos nos manter como indivíduos – e, consequentemente, como espécie – teremos de aprender a dialogar como nosso ambiente, buscar nossa autonomia energética, alimentar e habitacional. Nesse momento, perceberemos que não é possível pavimentar nosso habitat com concreto e asfalto para trazer de fora a água, a energia, o alimento e o material de nossas casas. Entenderemos que nossos lares não podem seguir a lógica de colônia e metrópole para existir. Se quisermos nos manter indefinidamente, devemos saber lidar com o que existe no lugar onde vivemos e em parceria com todos com os quais convivemos.

Catarina D.
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Cartão De Visita

No dia 29 de maio de 2010 apresentamos um show/debate sobre Amor Livre no evento da Liga Juvenil Anti-sexo, no Espaço Impróprio. Tocamos a música Cartão de Visita cuja temática tem a ver com o assunto para instigar a conversa. A apresentação não foi no espaço de show, mas na biblioteca da casa.

Quem não viu pode ver a música no link abaixo. Mas está faltando um trechinho na introdução. Quem esteve presente agora pode ter acesso a letra que também foi projetada na parece durante a performance.

Até o próximo encontro!

Catarina Disangelista

Cartão de Visita – Ao vivo

Cartão de Visita

“Ei, o seu coração é um músculo do tamanho de um punho.
mas a ditadura autoritária do ódio – continua a fazer tantas
vitimas sexuais, que tudo que eu posso fazer por nós dois é me libertar.

… e,  será que eu posso só te dar – meu cartão de visita?!

…é que o amor ao mesmo tempo que nutre, deixa-nos fracos, agonizantes
e cansados. é que o amor é um movimento de dar e receber num caminho de
duas vias, um movimento de contração e dilatação, fluxo e refluxo.

o grande problema entre os amantes é quando há discrepância entre um
movimento e outro. se dou demais e não recebo, torno-me seco, triste e
me canso. se recebo demais e não dou nada, me torno um filho-da-puta
inchado e egoísta. e no final de contas os amantes sempre apontam o
dedo na cara uns dos outros, exigindo igualdade entre aquilo que dão e
aquilo que querem receber.

eu não quero saber de nada disso. eu quero todas as vias possíveis.

me doar sem esperar que ninguém me responda da mesma forma,
receber sem que ninguém exija de mim uma reação com a mesma força da sua ação.
eu quero é enfiar a cabeça e confundir aquilo que eu faço com aquilo que me é feito,
sem distinção.

eu quero é amor e afirmação, e não o ego que espera pra poder agir.
se ninguém me escreve, eu cá estou me afirmando e me derramando ainda que outras pessoas estejam dormindo, ou trepando, ou na estação de metrô com a cabeça na lua.
Pra mim bastam as aberturas: o conteúdo e a forma de amar é a gente que determina.
eu quero é a paixão que me permite o extravasamento da mesma forma que o recolhimento,
sem que isso signifique uma diferença na intensidade.
eu quero é poder me calar e explorar outras formas além do verbo
sem que isso signifique falta de diálogo.
eu quero é poder tirar a roupa e pisar em cima de raiva e desespero,
sem me envergonhar da minha insensatez e insanidade.
eu quero é jogar na fogueira toda norma, toda teoria estéril e viver aos braços alheios.
jogado! a máxima consciência do outro, sair de mim e pairar leve no espaço que comporta
todos os meus amores, eu que me apaixono todos os dias, pelos mesmos, pelos outros.
não exigir nada de ninguém. quero é comer as vírgulas e escrever e falar como as coisas me aparecem sem filtro sem máscaras sem medo.

se digo, “serei fiel a você”,
estou demarcando um espaço silencioso além do alcance de outros desejos.
porque ninguém pode legislar o amor,
ele não pode receber ordens ou ser intimado para o serviço.
o amor pertence a si mesmo, surdo a suplícios e imóvel à violência.
e não algo que você possa negociar.
é que o amor deveria ser uma carta de alforria ao invés de mais um contrato que nos costura exclusivamente ao outro e ao mundo do outro.
estamos amarrados um ao outro numa linha que criamos e não numa linha gasta e falida que a convenção nos concedeu, e isso é tão maior, porque além de amar a pessoa amada, amo também o amor.
de que adianta amar um outro, se odeio, se detesto a forma com que o nosso amor é conduzido e enquadrado?

quero viver dias onde eu me sinta tão pleno e tão completo eternizando dentro da minha cabeça todos os instantes, todos os ângulos que meus amores e a minha visão me permitirem.
e que cada noite, ainda que mortos de sono ou de tesão, ainda que em movimentos bruscos ou na calmaria dos corpos e mentes já cansados, cada noite dessas eu me derreta pra depois me recolher maior, mais vivo e mais forte, mesmo sem demonstrar, mesmo sem ser percebido.

e saindo de casa com as olheiras fundas e um sorriso incontrolável no rosto.
na minha cabeça as velhinhas na rua com seus poodles e os comerciantes
abrindo suas lojas se sentirão agredidos pelo meu trasbordante sentimento
cheirando e irradiando a violência que acompanha toda paixão. violência
no sentido mais elementar do termo, de não sair ileso, de estar pra
sempre marcado, de ter sido fortemente violado. ir andando com o sangue
correndo apressado pelas minhas veias, meu coração se contraindo e
dilatando numa velocidade nova e imensa. daí as vontades de dar voltas
correndo pelo quarteirão, igualar a velocidade do meu corpo com a
velocidade que corre aqui dentro de mim. o que vai ser agora?

eu não sou daqueles que tem respostas prontas, tão objetivas assim,
mas procuro uma intensidade que só é suprida quando puder pensar
sem medo que “mañana es otro día”, sem todo aquele peso de responsabilidade
esmagando nossas cabeças e nossas possibilidades. Ainda temos tanto…
sinto que existem incontáveis potências a serem convertidas em atos, e a chama que eu tanto preciso pra me manter aquecido até que alcance o desejado estado de fervura.
o estado radical da fervura, que se estende à todas as esferas da vida,
desde a violência de uma mordida no pescoço,
até o ódio ativo e construtivo à esse mundo insano e arruinado.

é que me sinto vivo de verdade quando posso desejar sem limites.
e sentir-se vivo de verdade é o passo crucial ainda que não se saiba o caminho…

a partir daqui e até o infinito possível…”

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Liga Juvenil Anti-Sexo, 29 de Maio

Você Tem Que Desistir Apresenta:

Mais de 12 horas de programação! Shows, debates, oficinas, vídeos, djs, rango vegano
Dia 29 de MAIO!
Liga Juvenil Anti-Sexo
Mais de 12 horas de programação!
à partir das 14h
entrada: 10 reais
Espaço Impróprio
R. Dona Antonia Queiros, 40
(11)3129 7197
www.espacoimproprio.org
www.vocetemquedesistir.noblogs.org
Sobre o evento:
O caminho é rígido após a bifurcação que nos separa e nos coloca em oposição ao outro.Conduzidxs por definições, etiquetas e identidades comportamentos são definidos e liberdades limitadas.

O pensamento criminoso de Júlia.

“- Hoje ainda é 1984. Nós vivemos presos a isto. Para cada categorização, um controle e uma prisão. As coisas precisam ser definidas concretamente. Elas não podem ser
escorregadias e cheias de complexidade. Afinal, como classificar e atribuir valores se existirem tantas possibilidades? Externamente eu sou assim. Faço trabalho voluntário três noites por semana na Liga Juvenil Anti-Sexo. Passo horas e horas grudando tolices nas paredes da cidade. Sempre levo uma faixa vermelha nas passeatas. Estou sempre de cara alegre e nunca tiro o corpo de nada. …Também sei que as pessoas não se sentem plenas com o papel que recebem e se condicionam desde o nascimento. As infinitas formas de ser, se relacionar e amar são desprezadas pelos olhos do partido e da moralidade. Com a necessidade de conhecer o diferente e o múltiplo, surgem outros nomes. A partir dai nos deparamos com outros caminhos… Mas pensou mesmo, que eu fosse uma boa militante? Pura de palavras e atos?! E achou mesmo que se eu tivesse uma pequena oportunidade havia de te denunciar como um criminoso idealista e te levar à morte? –  Para Winston, estava claro que eles se amavam, mas ele estranhava muito os acontecimentos e não conseguia acreditar no quão evidente já era que eles iriam transar. Assim, ele não mais se segurou e perguntou:
– Já fez isso antes? – O coração dele palpitou. Winston torcia até para ter sido muitissimas vezes, quando Júlia confirmou:
– Naturalmente. centenas de vezes… quer dizer, muitíssimas vezes. – Tudo quanto cheirasse a corrupção enchia Winston sempre de ardentes esperanças, dai ele prosseguiu:
– Com membros do partido? – Pensava consigo mesmo, se alguém poderia saber?  Porque o partido talvez estivesse podre sobre a crosta superior; seu culto da severidade e a auto negação podiam ser apenas uma máscara da iniquidade.
– Sempre com membros do partido! – Júlia afirmou surpreendendo cada vez mais Winston, que indignado resmungou:
– Se pudesse infeccionar todos com lepra ou sífilis com que prazer o faria! Tudo que servisse para apodrecer, debilitar, minar! – Empolgado, mas ainda um pouco desconfiado, Winston continuou:
– Mas até com os membros do partido interno?
– Não! Com aqueles porcos, não. Mas há uma porção que gostaria se tivesse oportunidade.
Winston puxou-a para baixo e a fez ajoelhar ä sua frente:
– Escuta! Quantos mais homens tiver, mais te quero. Compreende!?
– Perfeitamente. – Afirmou Júlia, acenando com a cabeça.
– Odeio a pureza, odeio a virtude. Quero que todos sejam corruptos até os ossos.
– Então eu sirvo querido! Pois sou corrupta até os ossos.
– Gosta de fazer isso? Não me refiro a mim, somente. Gosta da coisa em si?
– Adoro! – E era o que acima de tudo, Winston desejava ouvir. Não somente o amor de uma pessoa, mas o instinto animal, o desejo simples, indiscriminado; parecia um tipo de  força que faria o Partido desabar.
Quase com a mesma ligeireza, ela tirou a roupa, e quando a atirou para um lado foi com o mesmo gesto magnífico que parecia aniquilar toda a civilização.”
Ingsoc. departamento novilíngua v.t.q.d de adaptação de texto.

A idéia é juntar coletivos e pessoas para debater quais as raízes do gênero, sexualidade, patriarcado e dominação, e também discutir quais medidas táticas podem ser utilizadas para desmantelar tudo isso ou festejar um feliz 1984! Queremos unir opiniões para poder conversar, debater e descobrir as raízes desses problemas e suas consequências.

Almoço Vegano

Shows:

Operação 81 (rj)
Biggs (sorocaba)
Vivenciar (rj)
Speed Kills
Homem Elefante (rj)

MostraVídeo

‘Corpus’ de Gustavo Torres
DEBATES

Show/Debate Amor livre: show com voce tem que desistir seguido de debate sobre amor livre com a participação do coletivo hurra (RJ), familia clandestina (santos)

Bate-papo com Coletivo Marinheiro: o pessoal de Curitiba chega falando suas ideias, seus objetivos, o que eles já produziram e suas experiências dentro do punk faça voce mesmo com o tema Sexualiade

Identidade sexual: Uma critica aos papéis sociais

Somos conduzidxs por definições, etiquetas e identidades que limitam nossas liberdades. Homem ou mulher, o caminho é rígido após a bifurcação que separa esses universos construídos em oposição um a o outro.
Mas nem todas as pessoas se sentem plenas com o papel que recebem e se condicionam desde o nascimento. Infinitas formas de ser, se relacionar e amar que sempre existiram e há muito tempo são desprezadas pelos olhos da maioria e da moralidade. Dessa necessidade de conhecer o diferente e o múltiplo surgem outros nomes. A partir desses nos deparamos com outros caminhos que muitas vezes se mostram também rígidos e objetivos. Transsexual, gay, lésbicas, heterossexual, em fim: o que somos afinal?
Assim que algo é fixado no tempo e no espaço, é muito mais fácil de ser controlado. Quando as coisas não são definidas concretamente, quando não são lineares mas escorregadias e cheias de complexidades, fica difícil instituir hierarquias pois existem infinitas possibilidades que não podem ser facilmente classificáveis e atribuídas com valor.
Queremos unir opiniões para poder conversar, debater e descobrir as raízes desses problemas e suas consequências.
A idéia é juntar coletivos e pessoas para debater quais as raízes do gênero, sexualidade, patriarcado e dominação ou em discutir quais medidas táticas podem ser utilizadas para desmantelar tudo isso.
Sinta-se a vontade em chegar e debater. Qualquer pessoa está convidadx à interagir, traga suas experiências e opiniões!

OFICINA SAÚDE DA MULHER

A idéia é podermos abrir um debate sobre todas as coisas que se relacionam com o corpo da mulher. Sejam com mulheres ou com Homens que gostam e se interessam pelas mulheres. O CORPO DA MULHER é a configuração do silêncio e da palavra delegada, onde nossa cultura conseguiu estabelecer uma distancia de nós mesmas. Não entendemos, não conhecemos e já perdemos o controle do nosso corpo. O objetivo aqui é tomá-lo de volta, é apropriarmos dessa linguagem proibida, é olhá-lo, tocá-lo, perguntar, fazer chá, fazer pomadas, auto-examinar – conhecer!
APÓS A MEIA-NOITE
DJ’S
Double Seven
Flavia-Biggs
VJ
Que pornografia é essa? Sexo é Política!
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O homem aberto e o mundo fechado

 


"Certamente, não há possibilidade de diálogo entre um homem aberto e um mundo fechado", disse Barmen sobre o Fausto de Goethe. Mas será mesmo? Quão pretensiosa é minha atitude agora, mas não voltarei atrás em me considerar no papel do "homem aberto" – ao menos por enquanto.
 
Essa frase me traz a cabeça todos os momentos em que planto em terreno árido um comentário sobre algum fato ou evento do cotidiano que tenha uma repercussão política, ética, ecológica. Chamo de terreno árido qualquer situação – às vezes a presença de apenas uma pessoa – fora do meu círculo de afinidades de pensamento. Nesses momentos normalmente me arrependo de ter dito alguma coisa que vai de encontro com o que há de mais basilar na nossa cultura. Algo que para desviar do constrangimento de atingir o que parece ser básico para a maioria das pessoas (que muitas vezes tomam isso como uma agressão pessoal) necessitaria de que voltemos atrás em algumas premissas para mostrar onde cada opinião está se fundamentando e onde elas rompem definitivamente para ir em direções opostas. 

Claro que o exemplo contido na frase de Barmen não é totalmente transferível a minha realidade. Quando digo que me sinto como Fausto é estritamente por me sentir mais aberto, mais fluido e menos contido por fronteiras e categorias objetivas. Fauto era um fomentador moderno diante de um mundo que não escapou do medieval. Um mundo onde os "condicionalismos feudais" ainda não vieram totalmente abaixo, onde a devoção, a renúncia em nome da fé e a autocastração "são os únicos caminhos para a virtude". Enquanto eu, um projeto degenerado entre a anarquia e o  niilismo positivo, vivo em um mundo onde o Estado já obteve "um controle meticuloso e ubíquo sobre todos os aspectos da vida humana que os antigos poderes haviam deixado para os recursos coletivos locais (…) e o direito e os meios legais para interferir em áreas das quais os antigos poderes, embora opressivos e exploradores mantinham distância" (Bruce Wayne, 2003). 
 
Quanto mais fundamentais são as discordâncias, mais trabalhoso é o debate e mais facilmente tendo a me arrepender de entrar nele sem que ambas as partes se disponham inteiramente. Um exemplo: estava passando de carro com minha mãe pela Linha Verde, em frente à Cidade Administrativa – a nova sede do governo de Minas Gerais, projetada por Oscar Niemeyier e localizada na saída norte da cidade. Fiquei surpreso ao ver pela primeira vez a obra concluída. Ela não pôde deixar de demonstrar sua admiração e perguntar se eu não concordava. “Deviam queimar tudo isso com o Niemeyer dentro”, respondi ironicamente e com o bom humor, mas com a profunda sinceridade de quem deseja ver o velho morto calcinado em uma de suas pirâmides antes que apronte mais uma das suas. O nível de intimidade permitiu que eu soltasse essa pérola, mas não impediu de desejar não tê-lo feito. Ela me perguntou como eu podia falar uma coisa dessas “sem conhecimento de causa” e ainda emendou em defesa do projeto alegando que foi ecologicamente pensado para reaproveitar água e “diminuir os impactos ambientais”. Respondi perguntando como ela concluiu que não tenho conhecimento de causa e se ela realmente acha que aproveitar água e reciclar o lixo não é nada mais que diminuir a velocidade na qual corremos em direção ao abismo, mas não alterar sua trajetória.

Aécio Neves acompanha obras da Cidade Administrativa que vai garantir R$ 80,9 milhões por ano ao Governo de Minas

 

Agora comparo e imagino como seria mais fácil se apenas discordássemos entre reciclar ou não o lixo lá produzido, mudar ou não a sede do governo de lugar, pagar ou não melhores salários aos mais de três mil trabalhadores que arriscaram suas vidas para construir essa obra faraônica. Mas não, discordamos em pontos que gerariam debates muito mais profundos do que qualquer um de nós gostaria de ter ali. Ainda tentei contornar o clima de rebeldia sem causa, citando (mais uma vez) Barmen em sua crítica ao projeto arquitetônico de Brasília (numa dupla coincidência, uma obra ainda mais faraônica do próprio Niemeyer), ao dizer que uma sede do governo estadual isolada do centro da cidade não tinha a ver com os ideais democráticos uma vez que praticamente impossibilita que movimentos sociais se reúnam e venham para se comunicar com seus governantes. Completando que é óbvio que aqueles que projetaram a cidade não vivem em suas ruas inóspitas e sugestivamente controladoras, pensadas para enaltecer a visão e a obra de grandes homens e desvalorizar presença das pessoas comuns. "Para homens moderno, pode ser uma aventura criativa construir um palácio, no entanto ter de morar nele pode virar um pesadelo" (Barmen, 1982)


Me pergunto: quando é que conversaremos sobre o que realmente interessa? Como, por exemplo, se precisamos ou não construir mais um prédio; viver ou não sob um estado; aceitar ou não que a civilização se alimente do mundo para manter seu crescimento insustentável e cuspir de volta lixo tóxico e campos estéreis. De certa forma ainda limitamos nossas criticas radicais (que se referem às raizes! Clamo pelo dia que não mais sentirei o peso de abrir esse parêntesis) aos diálogos herméticos dos meus círculos de afinidades políticas ou aos debates semi-abertos, sem muita participação ou adesão de forasteiros. Ainda caminhamos a passos curtos se comparados a "eles", Faustos e Aécios que firmaram contrato com Mefisto.   

 

  

Ou então o limite dos textos, canções, eventos e manifetações. Esses são talvez um dos únicos meios eficientes de germinar a semente dessas questões em mais cabeças pensantes. Mas a frase de Barmen ainda me parece intacta em seu tom conclusivo. Me sinto em um mundo fechado em seus paradigmas, disposto a questionar-se até um limite que considero muito estreito. Gostaria de ver esse debate atingindo todos os cantos da nossa cultura. Mas parece que ainda é difícil competir com conformismo das criticas parciais e com a letargia da vida comum dos que barganham qualquer risco de liberdade por uma promessa de futuro seguro. Gente que vive "em circunstâncias infelizes e, contudo, não tomam a iniciativa de mudar sua situação porque estão condicionadas a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro"(Alexander Supertramp, 1992).


Catarina Disangelista

 

 

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Criatividade Libertadora

Não há nenhuma nobreza, nem nenhuma superioridade moral no que digo. O que quero para mim e para o mundo não é em si a melhor opção possível, nem a mais certa. É simplesmente o que prefiro. Uma escolha dentre infinitas possibilidades. Eu simplesmente não quero buscar um lugar confortável dentro desse mundo e chamar isso de liberdade. Não quero repetir até morrer que é preciso ser honesto, trabalhar pagar as contas e comprar o que meu orçamento me permite para ter alguma garantia de felicidade ou uma aposentadoria segura.  Simplesmente discordo de que o planeta é nosso para fazermos o que quisermos.
Eu nem acredito em um nós, pois eu não ganhei nenhuma Copa do Mundo, não sou o maior exportador de carne ou minério, não estou atrás nem na frente de ninguém no índice de analfabetismo e nem enviei tropas para o Haiti. Essa identidade não existe e não quero fingir que sim. Não me interesso pelo que o progresso tecnológico pode me oferecer pelo preço de mais devastação eescravidão. Não me satisfaço em viver em um mundo de mentira projetado e executado para conter o patriarca branco de meia idade e seuss úditos, colonizando o que ainda não foi soterrado por concreto e asfalto para fornecer comida, matéria-prima e energia para manter o processo alienante e suicida que chamamos de crescimento e progresso. Não quero ser um cidadão, um eleitor, um consumidor, um estudante, um bacharel, um militante, um empregado ou um patrão. Se você simplesmente também não quer, então acho que realmente temos alguma coisa em comum.


E assim como não há de quê se orgulhar, não há do que se envergonhar. Não há porque não tentar viver o que queremos assim como não há porque aceitar continuar fazendo tudo isso que não queremos. E se já sabemos o que queremos ver abolido do mundo, temos que abolir de nossas vidas, pois elas são o único terreno em que queremos ter total controle. Se você, como eu, acha que certas coisas são simplesmente inaceitáveis, provavelmente concorda que a única coisa que podemos fazer é nos desvencilhar delas e dizer aos que estão ao redor nossos motivos. Pois não precisamos impor nada à ninguém. Não tenha medo de dizer o que quer para sua vida e de tentar passar suas ideias adiante.
Dizer o que gostamos, o que queremos e o que somos contra não tem nada a vercom tentar dizer às pessoas o que elas devem ou não fazer. Não caia  na armadilha daqueles pseudo-rebeldes, acadêmicos de boteco que relativizam tudo e enxergam qualquer opinião que indique uma ruptura radical com a ordem estabelecida como um possível totalitarismo travestido.
Algumas pessoas não conhecem formas de apresentar uma nova opinião que não passe pela imposição dela como um nova determinação do que é certo e errado para todas. Porque é isso que nossa cultura faz e é isso que aprendemos a fazer. Deixe-as morrer detédio entre garrafas no bar ou em cima dos livros da faculdade e vamos buscar entre nossas afinidades novas formas de agir e revolucionar nossas vidas. Se formos sinceras e criarmos algo mais divertido, emocionante e atraente do que essa vida miserável que nos é apresentada, não precisaremos impor nada a ninguém e nem tentar argumentar com valores universais para que as pessoas desistam de reproduzir uma cultura suicida e se abram para uma criatividade libertadora.

Catharina Disangelista
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