Sociedade dos Rios Mortos

(ou A Civilização e Seu Aspecto)

 

A civilização não é apenas uma
forma de organizar o espaço. Não é apenas prédios e estradas. É uma forma de ver e projetar a
nossa espécie e nossa cultura sobre o mundo. É uma rede de  relações sociais e econômicas que vão muito além
daquilo que pode ser registrado em uma fotografia. Mesmo assim, é interessante analisar imagens como essa e pensar
sobre o destino de nossa cultura.

Às vezes me questiono se a civilização não poderia de alguma forma
ser sustentável, ou seja, se poderia existir consumindo e devolvendo ao planeta
aquilo que gasta, sem que para isso tenha que arruinar os principais recursos dos quais necessita. Nesses momentos
imagino todos os rios que conheci e que ainda vou conhecer sendo consumidos
pela expansão do espaço urbano, sendo pavimentados e cercados por vigas de
concreto, com tubos jorrando tudo aquilo que não queremos mais ver. Não é difícil de
concluir que estamos caminhando para o colapso ao enxergarmos o planeta e todos os seus
elementos como recursos a serem utilizados
apenas para alimentar nossa economia.

Nós varremos o mundo e o cobrimos de
concreto, dividimos os campos em propriedades para que apenas nossos interesses
sejam atendidos e só abrimos espaço para outras formas de vida quando essas
também estão para nos servir como matéria-prima. Continuar com esse projeto é
cogitar que um dia todos os rios tenham esse mesmo aspecto.

 

Catharina Disangelista

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